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Revista Alma
Em "Sócrates, Jesus, Buda - Três mestres de vida", de Frédéric Lenoir, vemos que os três grandes líderes são mais parecidos do que imaginávamos

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Transformar a vaga sensação de familiaridade entre Sócrates, Jesus e Buda em uma obra de 267 páginas não deve ter sido fácil. Uma coisa é elaborar uma frase de efeito, unir os três mestres por um aspecto superficial qualquer e impressionar pelo óbvio. Outra é comparar três épocas, três visões de mundo e três personagens que todos nós julgamos conhecer. Mas Frédéric Lenoir era a pessoa certa para fazê-lo.

 

Filósofo, sociólogo, jornalista e escritor, Lenoir acompanha há décadas seus retratados. Viveu com os dominicanos na juventude, escreve sobre Budismo e por nove anos dirigiu a prestigiosa revista “Le Monde des Religions”. Com um texto fluido e argumentos consistentes, ele mostra que as vidas de Sócrates, Jesus e Buda coincidem em pontos essenciais, apesar das distâncias geográfica, cultural e temporal que as separam.

 

Estilos bem diferentes

 

As coincidências são muitas. Como se sabe, nenhum deles deixou escritos. O que sabemos sobre os mestres foi registrado por terceiros, sobretudo seus discípulos e seguidores. E os três nasceram em épocas conturbadas. Rebeldes e com acentuado espírito de liderança, contestaram o status quo e foram perseguidos por isso, o que a Sócrates e a Jesus custou as próprias vidas. Buda viveu 80 anos e poderia ter tido uma velhice abastada, mas abandonou a realeza ainda jovem – ele era príncipe – e tornou-se um andarilho como os outros dois. Ao conforto e à estabilidade, nossos mestres sempre preferiram a independência e o movimento. Por isso viviam nas ruas e nas estradas, praticamente sem bagagem, e nelas fizeram seus amigos e seguidores. Com moderação, no caso de Buda, ou sem, no caso de Sócrates, os três gostavam de uma boa mesa, de festa e de gente. Quando falavam, todos paravam para ouvi-los. Tinham um dom especial para ensinar e ideias parecidas sobre a vida, o amor e a verdade. Carismáticos, sem dúvida alguma, mas cada qual ao seu estilo. Buda raspou a cabeça, Jesus tinha cabelos longos, Sócrates era calvo e, segundo várias fontes, feio de doer. Mas aí já entramos nas diferenças entre os três – o que, aliás, também é alvo do livro de Lenoir.

 


“Sócrates, Jesus, Buda – Três mestres de vida”  Frédéric Lenoir [Objetiva]


 

Leia alguns trechos:

 

“Existe forte paralelismo entre os modos de vida de Sócrates, de Jesus e do Buda. Os três eram grandes caminhantes e os três fugiram das honrarias e das riquezas. Ao conforto e à estabilidade, preferiram a independência e o movimento; no lugar da doçura do lar, escolheram a rudeza das estradas. (…). E foi dessa independência extrema, dessa ausência total de amarras, que eles tiraram uma imensa liberdade.”

 

***

 

“Talvez esteja aí um dos sinais de sabedoria de nossos três personagens: ser capaz de partilhar plenamente o prazer de comer e de beber com os outros, ou, em outra palavras, estar plenamente no mundo e, ao mesmo tempo, ser suficientemente desinteressado deste mundo, dos prazeres e das necessidades do corpo (…).”

 

***

 

“Eles nos educam e nos ajudam a viver. Não sugerem uma felicidade “pronta para o uso”, mas resultado de um verdadeiro aperfeiçoamento pessoal. (…). São guias exigente, parteiros benevolentes, eternos motivadores do despertar.”

 

 

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